Comprar ações dos EUA pode ser comparado a pegar facas caindo. É desconfortável e arriscado para sua vida, ou melhor, para o seu portfólio. No entanto, o pessimismo em relação aos índices de ações dos EUA atingiu um nível tão profundo que é difícil não começar a buscar oportunidades de compra no S&P 500. Quando todos estão vendendo, um investidor perspicaz sabe que é o momento certo para comprar, certo?

Parece que os dados de inflação dos EUA poderiam ter ajudado o índice de ações amplo a encontrar um fundo. Os preços ao consumidor e o indicador básico aumentaram modestos 0,2% em relação ao mês anterior, em fevereiro. Comparado ao ano anterior, ambos os indicadores ficaram abaixo das previsões. Essa dinâmica sugere que a tendência desinflacionária permanece forte, o que, teoricamente, deveria levar o Federal Reserve a considerar o retorno do ciclo de cortes nas taxas e ajudar o S&P 500.

Dinâmica da inflação nos EUA.

Na realidade, a inflação não interessa a ninguém. Os investidores reagem às notícias sobre tarifas e se assustam com a suposta recessão iminente. Mas e se ela não ocorrer? De acordo com o JP Morgan, os sinais dos mercados de crédito, que se mostraram confiáveis nos últimos anos, indicam que as chances de uma desaceleração na economia dos EUA nos próximos 12 meses são de apenas 9 a 12%. Ao mesmo tempo, os mercados de ações e de taxas de juros estimam essas chances em cerca de 50%. Com base nisso, o JP Morgan conclui que a correção do S&P 500 está perto do fim.

Uma opinião bastante interessante. O índice amplo de ações caiu quase 9% em relação ao seu recorde histórico. E, embora o início da tendência de baixa tenha sido causado por um excesso de confiança, refletido em faixas de negociação estreitas, a queda subsequente teve um caráter diferente. Os investidores que compraram nos níveis mais altos liquidaram rapidamente suas posições, o que ampliou as faixas de negociação diárias. Gradualmente, a situação se estabilizou e o S&P 500 perdeu força.

Dinâmica da faixa de negociação diária do S&P 500.

O sofrimento de curto prazo para as ações e a economia dos EUA, conforme mencionado por Donald Trump, já terminou? Ele disse que precisamos resistir para tornar a América grande novamente. Acho que não. As guerras comerciais estão apenas começando e, sem dúvida, prejudicarão o crescimento econômico e estimularão a inflação nos EUA. Um cenário de estagflação não é a melhor opção para o S&P 500.

Por outro lado, no curto prazo, o pessimismo excessivo pode ser uma armadilha desagradável para os "ursos" do índice de ações amplo. Um alívio nos temores de recessão poderia impulsionar o crescimento do S&P 500. No entanto, o potencial de alta do mercado de ações parece limitado.

Tecnicamente, no gráfico diário do S&P 500, os "touros" tentaram um contra-ataque. Contudo, o primeiro ataque à resistência, representado por um nível de pivô em 5.627, não foi bem-sucedido. Uma nova tentativa, se bem-sucedida, permitirá que os traders abram posições longas de curto prazo. O futuro do índice de ações amplo dependerá de sua capacidade de romper as resistências indicadas anteriormente em 5.670 e 5.750.